
A frase do economista-chefe do sistema Farsul resume o tom do último Painel do primeiro dia do Congresso. Com o tema “Os desafios do agronegócio gaúcho e brasileiro”, os convidados citaram a carga tributária elevada, infraestrutura deficitária e protecionismo comercial como os principais gargalos de setor.
Segundo dados apresentados por Fabricio Oliveira Justolli, coordenador da agricultura de precisão do MAPA, o principal entrave para agricultura 4.0 passa pela conectividade. “Sem conectividade, não se faz agricultura digital”, comentou, acrescentando que menos de 4% do território brasileiro está conectado. De acordo com Justolli, esse índice de conectividade depende do interesse comercial, compartilhado (empresa e governo) e interesse do poder público. Uma das soluções apresentadas pelo coordenador seria a instalação de 2.500 novas antenas, ganhando 25% de território conectado.
Já para o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Silveira Pereira, o problema do agronegócio passa sim pela comunicação, mas em outra esfera. “O Brasil está incomodando o mundo por sua competitividade agrícola, e temos que mostrar o que estamos construindo aqui”, declarou. O presidente ainda movimentou a platéia ao questionar: “o que o Rio Grande do Sul significa para o Brasil?” Segundo ele, os gaúchos são a agricultura brasileira., lembrando que 80% dos gaúchos que estão fora do RS estão trabalhando com agricultura em outros estados. Em relação aos desafios do agronegócio, Gedeão citou as questões ambientais, uma vez que o Brasil está sendo desafiado nesse setor, por pressões externas, como países integrantes da União Européia.
Também representando a Farsul, o economista Antônio da Luz complementou a fala do presidente da Federação, destacando que principal desafio do setor hoje passa pela questão ambiental, mas principalmente de comunicação. O economista ainda citou como grande desafio a redução do custo de produção. “Somos recordes em custo de produção e temos que enfrentar esse problema”, o que para ele implica em superar os gargalos e evoluir nos processos de gestão. Finalizando o painel, Antônio da Luz comentou que os acordos comerciais construídos ao longo das décadas nos aproximaram culturalmente, mas não financeiramente da União Européia. Esses são alguns dos desafios para dentro e fora da porteira citados pelos painelistas. “A União Européia é como aquele cliente que reclama de tudo e não compra nada. Já o Brasil não vende para a Ásia, é comprado pela Ásia, comparou ele. Amanhã, a programação do Congresso segue com mais quatro painéis, e a programação completa pode ser conferida no site.
O APSUL é organizado pela Prefeitura de Não-Me-Toque, Sindicato Rural, Sistema Farsul, Universidade Federal de Santa Maria e Cotrijal. O Congresso acontece a cada dois anos, e nessa edição conta com tradução simultânea e transmissão ao vivo via TV Web da Emater.
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